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domingo, 12 de março de 2017

Macacos em risco com a febre amarela

Foto: Wikimedia Commons de  Kenny Ross - imagem ilustrativa de macaco-prego Sapajus robustus
O surto de febre amarela tem provocado uma grave ameaça a primatas da Mata Atlântica, inclusive a espécies ameaçadas de extinção. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) emitiu, nesta semana, um alerta à sociedade para reforçar a proteção dessas espécies e evitar maus-tratos e violência provocados pela ação do homem em áreas onde há casos da doença. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) disponibiliza o serviço Linha Verde (telefone 0800-61-8080 e e-mail linhaverde.sede@ibama.gov.br) para que a população denuncie agressões aos animais.

“É importante que a população tenha plena consciência de que os macacos não são responsáveis pela existência do vírus e nem por sua transmissão a humanos. Eles precisam ser protegidos. Além disso, a violência contra os animais é crime ambiental”, ressalta o diretor de Conservação e Manejo de Espécies do MMA, Ugo Vercillo. O vírus da febre amarela silvestre é transmitido por mosquitos (gêneros Haemagogus e Sabethes).

Sentinelas

Em encontro com membros da comunidade científica, representantes do MMA e do Ministério da Saúde debateram a transmissão do vírus em primatas. Pesquisadores manifestaram preocupação com a situação de violência contra macacos, especialmente nas áreas rurais. Eles alegam relatos de agressões no Estado de São Paulo e em outras regiões do país e comunicaram que “informações equivocadas estão levando pessoas a matarem macacos para supostamente se proteger da doença”.

A intenção do governo federal é esclarecer à sociedade sobre os vetores de transmissão da doença e evitar que a desinformação cause violência e a matança dos animais, a exemplo do que ocorreu em 2008 e 2009, quando macacos foram agredidos e mortos em Goiás e no Rio Grande do Sul por moradores que consideravam, equivocadamente, que os animais transmitiam a doença.

“Os primatas agem como verdadeiros anjos da guarda dos seres humanos, pois quando ocorre a morte desses animais em escala anormal, como vem ocorrendo em determinadas regiões da Mata Atlântica, isso é um indicativo da presença do vírus. Essas informações podem subsidiar as ações do governo”, afirma Danilo Simonni Teixeira, presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia.

Segundo o especialista, por viverem no interior da mata, os primatas costumam ser os primeiros a serem infectados e, por isso, são chamados de animais-sentinela. Desta forma, eles acabam desempenhando uma importante função, já que sinalizam a circulação do vírus e isso permite às autoridades de saúde intensificar a vacinação, protegendo as pessoas que vivem ou visitam as regiões onde há surto da doença.

Ameaça

O Ministério da Saúde foi notificado de 968 epizootias (nome dado às ocorrências que causam a morte de macacos), com suspeita de febre amarela, desde dezembro de 2016. Desse total, 386 epizootias foram confirmadas por febre amarela. De acordo com a pasta, cada ocorrência registrada pode envolver um número superior a um animal morto.

“O quadro é muito preocupante, já que uma parte significativa dos primatas da Mata Atlântica está sob ameaça de extinção. A morte desses animais traz enorme desequilíbrio ambiental, que não pode ser agravado pela ação do homem”, afirma Ugo Vercillo. No bioma Mata Atlântica, onde incide a doença, encontram-se primatas ameaçados de extinção, entre eles, o Bugio, o Macaco-prego-de-crista, além do Muriqui do sul e do norte.

Fiscalização

Conforme a legislação ambiental, matar ou maltratar animais é crime, cuja pena pode chegar a um ano de detenção, além da aplicação de multa. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a população deve denunciar casos de violência contra animais da fauna brasileira pelo serviço Linha Verde. As denúncias são apuradas pelos órgãos competentes.

Serviço:
Linha Verde: para denúncias de crime ambiental
Telefone 0800-61-8080
E-mail: linhaverde.sede@ibama.gov.br
Ligue 136 para informar às autoridades em saúde a ocorrência de animais mortos ou com suspeita da doença.



    

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