Foto: Instituto Mamirauá/Divulgação |
Uma parceria entre as organizações não-governamentais (ONGs) Instituo Mamirauá e WWF-Brasil testou, em outubro, no município de Tefé, Amazonas, o uso de drones para estimar a população de botos amazônicos.
Segundo a pesquisadora Miriam Marmontel, do Instituto Mamirauá, a proposta é testar uma metodologia que possibilite a coleta de dados por meio dos vídeos gravados pelos drones.
O equipamento será usado no mesmo trajeto feito pelos pesquisadores, registrando o rio com a câmera. A partir das imagens captadas, será feita a comparação com as informações coletadas pelos pesquisadores, permitindo a correção da estimativa.
"Após a análise das imagens geradas, será possível definir os parâmetros mais adequados e desenvolver um algoritmo de identificação automática de botos", explica Miriam. De acordo com a pesquisadora, a metodologia atual envolve 10 pessoas posicionadas na proa de um barco que, com os olhos fixos na água, registram os animais avistados em um raio de 180 graus.
Depois disso, o número de animais vistos passa por análises estatísticas para obtenção da densidade e abundância. “Sabemos que existem erros associados à capacidade do observador avistar o animal e à disponibilidade do animal. Se estiver mergulhando, por exemplo, não será avistado", disse.
Especialista em conservação do programa Amazônia do WWF-Brasil, Marcelo Oliveira ressalta que a utilização de drones como auxílio em atividades de preservação não é novidade fora do País. O projeto inova em ser o primeiro a utilizar a tecnologia para monitoramento populacional de botos.
No entanto, ele destaca que é a primeira vez no mundo que é feito com mamíferos aquáticos em rios amazônicos. “Já houve registro de comportamento de botos. Mas um censo, ou densidade populacional nunca foi feito", revela.
Estratégias
Miriam Marmontel destaca que os dados de abundância populacional contribuem para o conhecimento do real status da espécie e para estudos de viabilidade populacional.
Na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), as duas espécies que ocorrem na região, o boto vermelho (Inia geoffrensis) e o tucuxi (Sotalia fluviatilis), atualmente, são considerados com "dados insuficientes", em decorrência da limitada quantidade de informações sobre suas populações, ecologia e taxas de mortalidade.
O boto vermelho já foi classificado anteriormente como "vulnerável" à extinção e, em 2008, teve seu status modificado em razão da carência de dados sobre a espécie.
"Mamíferos aquáticos amazônicos tendem a deslocar-se para diferentes ambientes de acordo com a variação do nível da água, oferecendo desafios a seu monitoramento. Botos e ariranhas, por exemplo, seguem os peixes para dentro do igapó quando a água sobe, e o peixe-boi migra de uma área de várzea para lagos profundos de terra firme quando o nível do rio cai. O uso de drones representa uma forma de atacar este problema, possibilitando estudos de deslocamentos, uso e ocupação de habitat, e estimativas populacionais ao longo do ano", diz Miriam.
Segundo os pesquisadores, após os testes, a tecnologia poderia ser utilizada em diferentes pesquisas e também com outras espécies de vertebrados amazônicos. "A ideia é tentar identificar gargalos, o que funciona bem ou não com esse modelo de drone” afirma o especialista da WWF.
A próxima etapa da expedição será no rio Juruá, entre 14 a 22 de novembro.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
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