Foto: ICMBio |
Os números são monumentais, do ponto de vista da pesquisa, monitoramento e conservação da biodiversidade: 12.256 espécies avaliadas, sendo 100% dos mamíferos, répteis, anfíbios e aves, incluindo ainda peixes e invertebrados aquáticos.
O estudo comandado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que resultou na atualização da lista de espécies ameaçadas da fauna brasileira, representou a maior avaliação de risco de extinção já feita no mundo.
Ao todo, 720 novas espécies foram incluídas na lista, como o macaco-prego-galego (Sapajus flavius), descrito após 2003 cujo habitat (Mata Atlântica nordestina) vem sofrendo redução desde o século XVII, e do maçarico-rasteirinho, ave migratória com declínio populacional.
Mas a melhor notícia, mesmo, foi a retirada de outras 1.173 espécies da fauna ameaçadas de extinção, que constavam na lista anterior, com dados de 2003/2004. Essas espécies melhoraram o seu estado de conservação e saíram da nova lista oficial.
Outras tantas melhoraram de situação, como o mico-leão-preto, que passou de Criticamente em Perigo para Vulnerável, o bacurau-de-rabo-branco, que saiu da categoria Em Perigo para Vulnerável, a arara-azul-de-lear e o peixe-boi-marinho, que passaram de Criticamente em Perigo para Em Perigo.
Iniciado em 2009, o trabalho durou cinco ininterruptos anos, sendo concluído no final de 2014. Ao todo, 1.383 especialistas da comunidade científica de mais de 200 instituições estiveram envolvidos nesse processo.
A nova lista é uma ferramenta fundamental para balizar ações, planos e programas de proteção da fauna ameaçada. Representa um diagnóstico, um passo inicial para as ações posteriores, como os planos de ação nacional (PAN) para a conservação das espécies. O PAN é um pacto entre vários setores da sociedade que estabelece compromissos e responsabilidades para melhorar a conservação de determinadas espécies.
Além de evidenciar a importância dos planos de ação nacionais, a lista mostrou o quanto as unidades de conservação (UCs) da natureza são imprescindíveis para a proteção da fauna brasileira. Das 1.173 espécies ameaçadas que melhoraram o seu estado de conservação e saíram da lista, 663 (56,5%) estão presentes em UCs e 498 (42%) já são contempladas por algum PAN.
Com a divulgação da lista, os técnicos do ICMBio e parceiros podem, desde então, desenvolver melhor o seu trabalho de conservação, identificando as espécies que não se encontram em unidades de conservação e nem possuem planos de ação consolidados, pois elas são prioritárias nas ações de proteção.
Além da consolidação de novos PANs e da criação de UCs, os números citados na lista apontam para outras medidas que já estão sendo tomadas, como a qualificação do processo de licenciamento, o estímulo ao uso de recursos da compensação ambiental para proteção da fauna e os programas de apoio à conservação, como o Bolsa Verde.
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