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domingo, 24 de julho de 2016

Ibama identifica falhas em ações de recuperação executadas pela Samarco

Foto: Ibama
Vistoria realizada por analistas do Ibama no trecho de 102 quilômetros da barragem de Fundão, em Mariana (MG), até a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga), em Santa Cruz do Escalvado (MG), aponta que 64% das áreas afetadas pela tragédia de 5 de novembro de 2015 ainda não receberam obras para contenção de rejeitos.

As equipes vistoriaram 96 pontos nos rios Doce, Santarém, Gualaxo do Norte e do Carmo na primeira quinzena de junho. Os técnicos fizeram um balanço dos danos socioambientais causados pelo rompimento da barragem das medidas adotadas até o momento pela mineradora Samarco e por suas sócias, a Vale e a BHP.

Foram avaliadas cinco ações: contenção de rejeitos; reconformação do traçado dos rios; drenagem; proteção de plantas com malhas (bioengenharia); e semeaduras (replantio) de espécies gramíneas e leguminosas.
De acordo com o relatório técnico, além de não ter executado várias medidas, a mineradora deverá refazer intervenções que foram realizadas de forma equivocada. São necessárias ações em pelo menos 78% dos pontos vistoriados. Destaca-se a necessidade emergencial de obras físicas de drenagem para diminuir o impacto das águas pluviais e a erosão nas áreas, além da contenção, com o objetivo de reter os sedimentos.

Os rejeitos não foram removidos em mais de 96% da área vistoriada - deste total, 53% dos pontos possuem lama com espessura acima de 50 centímetros de altura. A mineradora foi informada de que deverá realizar as ações emergenciais de drenagem e de contenção até 01/09, pois o período chuvoso na região começa em setembro. A Samarco realizou apenas 31% das obras de drenagem. Na época de chuva, há risco elevado de carreamento dos sedimentos para os corpos hídricos.

Foto: Ibama
A semeadura foi a técnica mais observada nas áreas vistoriadas. No entanto, metade deste trabalho foi considerado insatisfatório, ruim ou péssimo. O relatório aponta que a revegetação não formou cobertura satisfatória a ponto de se considerar segura a fixação de rejeitos pelas raízes, entre outros métodos. Além disso, o uso da chamada biomanta nos canais deve ser revisto, pois está abafando algumas espécies de plantas.

Durante a operação, as equipes do Ibama percorreram 83 tributários (afluentes dos rios principais) afetados pelo desastre. A Samarco havia informado anteriormente que 68 precisariam ser recuperados. Após identificar a divergência, o Ibama determinou que a mineradora apresente mapeamento completo e projetos específicos de intervenções nestes locais. A empresa também deverá apresentar, até 31/07, os resultados já obtidos dos estudos sobre os rejeitos depositados na região para avaliação sobre o manejo e a destinação dos sedimentos.

Operação Áugias

​O objetivo da O peração Áugias ​é realizar um diagnóstico completo das áreas afetadas e acompanhar sistematicamente as atividades desenvolvidas pela Samarco. As equipes do I ​bama deverão se revezar em campo até dezembro.

Na primeira fase​, denominada “Hélios” ​, 16 analistas dividiram-se em quatro equipes e ​ percorreram 96 pontos ​. A vistoria abrangeu os municípios de Mariana, Barra Longa, Ponte Nova, Santa Cruz do Escalvado e Rio Doce, todos em Minas Gerais. De acordo com o Ibama, esta ​foi a ​ região mais devastada pela tragédia ​, que resultou na morte de 19 pessoas.  Em alguns pontos, o volume de rejeitos ​ultrapassa  50 centímetros de altura.

O relatório divulgado pelo Ibama é resultado de vistoria realizada entre o complexo de Germano e a usina de Candonga. Foram vistoriadas estruturas remanescentes, sistema​s​ de bombeamento de águas pluviais, trechos do córrego Santarém, do Rio Gualaxo do Norte, do Rio do Carmo, do Rio Doce e ​de ​ córregos afluentes.

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