Foto: Ibama |
O coordenador de Operações do Ibama, Roberto Cabral, disse que o objetivo é interromper o dano ambiental, interferindo na logística dos garimpeiros, com a destruição de balsas, barcos e instrumentos utilizados na prática ilegal.
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Em março deste ano, o Ibama havia recebido estudo realizado em 19 aldeias da região pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que revelou índices preocupantes de contaminação por mercúrio (Hg). Foram coletadas 239 amostras de cabelo no período de 16/11/2014 a 03/12/2014.
O mercúrio é usado por garimpeiros para separar o ouro de outras substâncias. Ao ser despejado na água, o metal pesado se deposita no lodo acumulado no fundo do rio e pode ser ingerido por peixes. Dessa maneira, a substância passa a fazer parte da cadeia alimentar, tornando-se um risco para a saúde pública. Altamente tóxico, o mercúrio pode causar danos graves e permanentes. Afeta o sistema nervoso central, os rins, o coração e o sistema reprodutor, sendo especialmente perigoso para gestantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que concentrações superiores a 6 microgramas de mercúrio por grama de cabelo podem trazer sérias consequências para a saúde, especialmente no caso de grupos mais vulneráveis, como os índios.
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Os níveis de exposição colhidos pela pesquisa apresentaram mediana de 3,2 microgramas de mercúrio por grama de cabelo na região de Papiú e de 5,0 microgramas em Waikás. A situação mais preocupante foi encontrada na aldeia de Aracaça, situada próximo à área de garimpo, onde a mediana verificada foi de 15,5 microgramas, com 6,8 microgramas entre crianças menores de 5 anos e 16,0 microgramas para mulheres em idade reprodutiva. Na mesma aldeia, praticamente todos os adultos avaliados apresentaram níveis elevados de mercúrio no cabelo e 92% dos índios examinados estavam contaminados. A situação melhora onde a presença dos garimpeiros é menor, como em Papiú, onde 6,7% das amostras analisadas apresentaram sinais de contaminação. Em razão dos altos índices de desnutrição, malária, tuberculose e parasitoses intestinais, os indígenas da região já possuem um sistema imunológico comprometido, o que potencializa a toxidade do mercúrio.
O estudo da Fiocruz foi realizado a partir de pedido do líder Yanomami Davi Kopenawa, com apoio do Instituto Socioambiental (ISA), do Laboratório de Química da PUC e da Hutukara Associação Yanomami (HAY). Os resultados foram apresentados à comunidade indígena e entregues ao Ibama em março deste ano. A terra indígena Yanomami é a maior do Brasil, com 9,6 milhões de hectares nos estados de Roraima e Amazonas.
O monitoramento da região será mantido pelo Ibama e as informações obtidas durante a operação serão usadas para responsabilizar a cadeia criminosa.
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