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domingo, 3 de julho de 2016

Preservação da Amazônia tem de levar em conta saúde da floresta, diz pesquisa

Divulgação/Ministério do Meio Ambiente


Esforços internacionais visando à conservação de espécies das florestas tropicais não irão ter sucesso se não for levado em consideração o controle da exploração madeireira ilegal, de incêndios florestais e da fragmentação de áreas florestais remanescentes. Essa é a conclusão de um estudo que acaba de ser publicado na Nature, uma das mais importantes revistas científicas internacionais.
O artigo "Anthropogenic disturbance can be as important as deforestation in driving tropical biodiversity" (Perturbação antropogênica pode ser tão importante quanto o desmatamento na condução de perda de biodiversidade tropical), enfoca na perda da biodiversidade em florestas tropicais, especialmente na Amazônia Brasileira. De acordo com a pesquisa, "apenas o combate ao desmatamento não é suficiente para conservar a biodiversidade da Amazônia".
O estudo publicado é fruto da Rede Amazônia Sustentável (RAS), um consórcio de instituições brasileiras e estrangeiras, coordenado pela Embrapa Amazônia Oriental, Museu Paraense Emílio Goeldi, Universidade de Lancaster (Reino Unido) e Instituto Ambiental de Estocolmo (Suécia). A RAS é também parte do INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Pela primeira vez, 18 instituições internacionais, dentre as quais 11 brasileiras, foram capazes de comparar a perda de espécies causada por perturbações humanas com aquelas resultantes da perda de habitat pelo desmatamento.
O Prof. Jos Barlow, que assina o artigo como primeiro autor, foi Pesquisador Visitante pelo CNPq na Universidade Federal de Lavras (UFLA), cujo projeto foi contemplado pelo Edital Universal da Agência de 2012.
A pesquisa mediu o impacto geral das perturbações florestais mais comuns  o que inclui a exploração madeireira, os incêndios e a fragmentação de florestas remanescentes  em 1.538 espécies de árvores, 460 de aves e 156 de besouros encontrados na Amazônia paraense
Pará
Quando analisado em conjunto, o efeito das atividades humanas resultantes em perturbações florestais no Pará é equivalente a uma perda adicional de mais de 139.000 km² de floresta intacta e correspondente a todo o desmatamento no Estado desde 1988, ano que inaugurou o monitoramento oficial do Inpe.
O Pesquisador senior do projeto, Dr. Toby Gardner, do Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI), destaca: "As florestas tropicais são um dos mais valiosos tesouros biológicos do planeta. Ao focar exclusivamente nas extensões de floresta remanescentes, sem levar em conta o Estado de saúde dessas áreas, as atuais iniciativas de conservação estão colocando em perigo tal riqueza".
Espécies raras são as mais ameaçadas
Os cientistas também descobriram que espécies sob o risco máximo de extinção foram as mais atingidas pelas perturbações causadas por atividade humana.
Dra. Ima Vieira, pesquisadora titular do Museu Emilio Paraense Goeldi e uma das colaboradoras do projeto diz: "O Estado do Pará abriga mais de 10% das espécies de aves do planeta, muitas das quais endêmicas. Nossos estudos demonstram que são justamente essas espécies as que estão sofrendo o maior impacto da ação antrópica, pois elas não sobrevivem em ambientes com estes níveis de perturbação".
É preciso ir além do combate ao desmatamento
Enquanto a redução do desmatamento é acertadamente o principal foco da maioria das estratégias de conservação em nações tropicais, a condição das florestas remanescentes não costuma ser avaliada ou mesmo controlada por políticas públicas.
"Ações imediatas são necessárias para combater as perturbações florestais em países tropicais", explica Silvio Ferraz, da Universidade de São Paulo (USP). "No caso do Brasil, a situação é ainda mais crítica, já que 40% dos remanescentes de florestas tropicais da Terra se encontram aqui", completa o pesquisador, que integrou a equipe do estudo.
Ainda que donos de terras na Amazônia brasileira sejam obrigados por lei a manter 80% da cobertura primária em suas propriedades, a nova pesquisa demonstra que, em paisagens nas quais a lei é cumprida, a metade do valor potencial de conservação já pode ter sido perdida.
"O Brasil demonstrou uma liderança sem precedentes no combate ao desmatamento na última década. O mesmo nível de liderança é necessário agora para proteger a saúde das florestas restantes nos trópicos. Do contrário, décadas de esforço de conservação terão sido em vão", afirma Dr Jos Barlow, o principal autor do estudo.
Fonte: Portal Brasil, com informações do CNPq


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